RICARDO AGUIAR
RICARDO
AGUIAR
Natural de Santa Maria, Rio Grande do Sul, cursou cerâmica com Bira Lacava e escultura com José Francisco Alves, no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, RS.
Na década de 90 tem seu primeiro encontro com as jazidas de granito. Com esta matéria prima, esculpe seus primeiros trabalhos, aprendendo assim, o milenar ofício da cantaria. Aproveitando esta linguagem, mas com conceito contemporâneo, produz várias peças escultóricas para projetos arquitetônicos. Em 2000, conhece o escultor Paulo Aguinsky, por quem é convidado a participar da execução de duas esculturas de grande porte em granito, peças que integram o acervo de obras públicas da capital gaúcha, expostas no Hospital Moinhos de Vento, desde então, participa ativamente das exposições realizadas pela Associação dos Escultores do RS – AEERGS.
Em 2011, esculpiu fonte em granito para o artista visual Vik Muniz, na Gávea, no Rio de Janeiro. Nos últimos anos vem realizando diversas exposições, entre elas se destacam a individual “El Culto de La Piedra en Bruto”, na Casa De La Cultura, em Maldonado, Punta Del Este, Uruguai e a coletiva “Encontro dos Tempos”, no Espaço Memorial Correios, em Porto Alegre, RS, em parceria com escultores José Kanan e Lúcio Spier. Recentemente realizou a exposição “Matéria Pedra”, individual na Galeria Espaço IAB, do Instituto de Arquitetos do Brasil, em Porto Alegre, RS.
O afeto através da pedra
“Aprendi com o mestre Xico Stockinger a olhar o uso das pedras quando estabelecidas em seu formato como expressão artística, aprendi a aguçar o olhar. Não foi uma receita que me fora passada pois isso não existe, mas sim, inúmeras sequências de toques ocorridos em minha longa convivência com aquele ser humano tão especial. E esses ensinamentos organizaram meus sentidos, e, fundamentalmente a minha intuição que nessas horas é um passaporte de acesso a descobertas, deslumbramentos. O que teria me conduzido a uma exibição onde dezenas de escultores mostravam coletivamente seus trabalhos foi o que fiquei me perguntando ainda no dia seguinte com a imagem pétrea fixada em minha mente. Porque dentre tantos parei em frente a um trabalho e fui em busca de seu autor? Escultura requer espaço, o trabalho escultórico propõe desenhar-se no espaço e como pode “mover-se” um bloco de pedra a ponto de ganhar brilho, expressão ter suas cores e veios próprios ressaltados ao toque, à manipulação e resultados formais sedutores? É pedra, material supostamente inamovível, a pedra tem a idade do mundo e no entanto essas formas convidativas, reluzentes, com cortes, linhas contrastantes, projetam-se volumétricamente frente a nosso olhar com leveza, harmônicas. É o que os trabalhos de Ricardo Aguiar possuem, esse encantamento enigmático que somente a arte pode fazer com que sejamos transportados a uma outra realidade, a uma relação de afeto com o objeto artístico. Esse foi o móvel do meu encantamento por suas esculturas. O artista de recente carreira profissional pisa com muita segurança e abre seu espaço pessoal nesta categoria que, muito mais que as outras, exige transpiração, esforço, luzes. Seu terreno já está marcado nessa tradição tão bem cultivada com o mestre Stockinger, repito, aquelas lições me foram de grande valia e o que percebo em Ricardo Aguiar é que estou frente a um artista com obra em ponto de excelência, já em voo alto, muito longe da cabeceira da pista de decolagem.”
Renato Rosa, Marchand e dicionarista. Rio de Janeiro 20 de setembro de 2022.
OBRAS DO ARTISTA